Comissão da Verdade do Rio convoca general do DOI-CODI

O presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro, Wadih Damous informou na terça-feira,11,

José-Antônio-Nogueira-Belham, diretor do DOI-CODI do Rio de Janeiro.

José-Antônio-Nogueira-Belham, diretor do DOI-CODI do Rio de Janeiro.

que o general da reserva José Antônio Nogueira Belham será convidador para depor. O militar comandou o Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) do Rio de Janeiro na época em que o ex-deputado federal Rubens Paiva foi assassinado, em 1971, depois de ter sido preso e levado para o órgão de repressão do governo na ditadura militar.

O corpo do parlamentar nunca apareceu mas documentos em poder da Comissão Nacional da Verdade atestam que o militar da reserva recebeu dois cadernos de anotação que pertenciam a Paiva. ” O general da reserva vai ser convocado, sim, porque ele chefiou o DOI-CODI aqui no Rio de Janeiro. Estamos preparando os depoimentos para este mês e o início de julho”. Damous está em Brasília onde participa da reunião mensal do Conselho Federal da OAB.

No último final de semana o jornal Correio Braziliense revelou que o general da reserva é pai do atual número 2 da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Ronaldo Martins Belham, que tem acesso privilegiado a informações sobre o período militar brasileiro. Damous pediu o afastamento imediato de Belhan do cargo de direção da Abin. “. “Eu defendo que não podemos estigmatizar o filho dele, mas é evidente que existe uma suspeição nesse caso. Existe, no mínimo, uma inconveniência”, ressaltou.

A mesma posição de Damous tem a coordenadora da Comissão da Memória, Verdade e Justiça da Câmara, deputada Luiza Erundina (PSB-SP). Ela classificou de “inadmissível” e “incompreensível” a permanência de Ronaldo Martins Belham em uma posição de destaque na Abin. “Pela natureza do cargo que ocupa, não consigo compreender como ele pode exercer essa função, mesmo que não tenha nenhuma relação com os atos cometidos”.

Acrescentou Erundina que no lugar do diretor da Abin ela se sentiria desautorizada. “Existe muita verdade a ser revelada ainda. Há muitas fontes que não chegaram nem ao conhecimento da Abin. Que liberdade esse homem tem se ele receber, pelo cargo que ocupa, informações que ajudem a compreender o caso Rubens Paiva? Ele terá autonomia para avaliar os dados? Não pode. Temos que ser intransigentes em relação a isso”, afirmou Erundina.

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