Comissão Nacional da Verdade investiga a repressão no Paraná

A Comissão Nacional da Verdade, em audiência púbica realizada na segunda-feira,12, em Curitiba, ouviu os relatos de vários casos de repressão política ocorridos no Paraná. A partir desses relatos, a Comissão iniciará uma investigação no sentido de determinar as responsabilidades pela violação dos direitos humanos.

Representada por dois de seus membros, Paulo Sérgio Pinheiro e José Carlos Dias, a Comissão realizou a audiência, que durou o dia todo, no Teatro da Reitoria da Universidade Federal do Paraná. Estiveram presentes à abertura da audiência o reitor da Universidade Federal, Zaki Akel Sobrinho;Marley Fernandes, presidente da-APP Sindicato; Marcio Kieller, da CUT Paraná; Narciso Pires do Grupo Tortura Nunca Mais do Paraná; vereador Pedro Paulo, da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Curitiba; deputado estadual Tadeu Veneri da Comissão de Direitos Humanos da Alep; Daniel Godoy, da Ordem dos Advogados do Brasil,secretaria estadual da justiça, Maria Teresa Uille Gomes e procurador geral do Estado, Gilberto Giacoia, entre outros parceiros.

Os episódios relatados foram os seguintes:

Prisões na Chácara do Alemão– Vitório Sorotiuk, João Bonifácio Cabral,  José Mânfio e Hélio Urnau contaram os principais fatos da luta estudantil do ano de 1968 contra os acordos MEC-Usaid, que tinham o objetivo de implantar o ensino pago nas universidades públicas. No dia 17 de dezembro de 1968, o Congresso Regional da UNE que se reunia na Chácara do Alemão, no bairro do Boqueirão, em Curitiba, foi violentamente reprimido pela polícia; 42 estudantes foram presos, 15 dos quais condenados a severas penas de prisão.

Operação Marumbi- a ofensiva desencadeada pela repressão contra os militantes do Partido Comunista Brasileiro-PCB, em 1975. O relato foi feito por Narciso Pires, pelos filhos de Ildeu Manso Vieira (Ildeu e Júlio), sua viúva, Nair e Honório Rúbio Delgado.Cerca de 100 militantes do PCB foram presos e torturados no Quartel da Polícia do Exército e na clandestina Clínica Marumbi. Seguiram-se processos e condenações. Vários nomes de torturados foram apontados.

Massacre de Medianeira- em 1974, seis militantes da Vanguarda Popular Revolucionária-VPR foram atraídos numa emboscada na Argentina e levados para a morte. Cinco deles foram assassinados na Estrada do Colono, atual município de Serranópolis do Iguaçu, no Oeste do Paraná. O sexto, Onofre Pinto, foi assassinado em Foz do Iguaçu. O relato foi feito por Roberto Elias Salomão, com base nas informações contidas no livro “Onde foi que vocês enterraram nossos mortos”, fruto de uma pesquisa de 26 empreendida por Aluízio Palmar. Foram citados nomes de torturadores, assassinos e militares envolvidos.
Veja a apresenta aqui: Massacre de Medianeira

Guerra de Porecatu– relato feito pelo professor Angelo Priori, da Universidade Estadual de Maringá. Priori é autor de uma pesquisa sobre o levante dos trabalhadores rurais da região de Porecatu contra grileiros, latifundiários, empresas e poder público, num período que perpassa as décadas de 40 e 50 do século passado. Os nomes dos camponeses assassinados, bem como de muitos grileiros, empresários e políticos envolvidos na repressão foram apontados.

Repressão contra organizações de esquerda- também foram abordados os casos de repressão contra a Ação Popular Marxista Leninista (APML), relato feito pelo militante Cláudio Ribeiro e pelo pesquisador Reginaldo Dias; contra a organização Política Operária-Polop, pela militante Teresa Urban; e contra o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário-PCBR, pelo militante Romeu Bertol.

Fonte- Fórum Paranaense de Resgate da Memória, Verdade e Justiça

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