Brasília sedia reunião técnica sobre a exumação de Jango

A Comissão Nacional da Verdade (CNV), a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH) e o Ministério Público Federal no Rio Grande do Sul (MPF-RS) se reúnem nesta terça-feira (9), em Brasília, com peritos nacionais e estrangeiros, com a família Goulart e com a Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro. No encontro serão tratados aspectos técnicos da exumação dos restos mortais do ex-presidente Joã

Caixão com o corpo de João Goulart é carregado pelas ruas de São Borja, em 1976. Corpo nunca foi autopsiado. Foto: Arquivo/ O Globo

Caixão com o corpo de João Goulart é carregado pelas ruas de São Borja, em 1976. Corpo nunca foi autopsiado. Foto: Arquivo/ O Globo

o Goulart, morto na Argentina em 1976 e sepultado em São Borja, Rio Grande do Sul.

A CNV, a SDH e o MPF entendem que a exumação é um dos meios de prova necessários para tentar desvendar se a morte de João Goulart ocorreu por meio da troca de medicamentos que o ex-presidente tomava para problemas no coração, conforme relata o ex-agente secreto uruguaio, Mario Barreiro Neira, preso no Brasil.

A exumação foi solicitada publicamente pela família Goulart durante audiência pública realizada pela Comissão Nacional da Verdade em 18 de março de 2013 em Porto Alegre.

A versão de Barreiro é corroborada por documentos que sugerem a existência de um plano internacional para eliminar líderes de

oposição às ditaduras latino-americanas do cone-sul. Estes documentos e planos são mostrados, por exemplo, no documentário Dossiê Jango, do cineasta Paulo Henrique Fontenelle.

Além disso, o corpo de Jango foi sepultado sem passar por autópsia. Documentos comprovam, ainda, que ex-presidente foi amplamente monitorado em seu exílio, especialmente após articular a Frente Ampla, com o ex-presidente Juscelino Kubitscheck e um ex-ferrenho opositor de ambos, Carlos Lacerda. Os três morreram no intervalo de um ano: JK, em agosto de 76, Jango, em dezembro de 76, e Lacerda, em maio de 1977. O caso de JK tambémé investigado pela CNV.

Da reunião em Brasília participarão os peritos do Instituto Nacional da Criminalística da Polícia Federal, peritos estrangeiros convidados para participarem dos trabalhos, e integrantes do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que cumprirá o papel de observador independente e tem experiência em casos do gênero, tendo participado da exumação de Salvador Allende, no Chile.

Esta será a segunda reunião oficial sobre o caso: a primeira ocorreu em Porto Alegre, em 29 de maio.O laudo resultante do trabalho pericial deverá integrar o relatório da Comissão Nacional da Verdade a respeito do caso e poderá servir como prova nas investigações judiciais existentes na Argentina e no Brasil a respeito do caso.
Fonte – Comissão Nacional da Verdade

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